Live A Live (Steam) | Review

Saudações de chegada! Nesta última semana de abril tivemos o lançamento de Live a Live para as plataformas PS4/PS5 e Steam. Assim, é nossa tarefa nesta análise mostrar porque este jogo detém o status de lendário entre os apreciadores do gênero de RPG estratégico (e até mesmo fora dele!).

Lançado originalmente em 1994 (mesmo ano do FFVI) Live A Live nos apresenta sete histórias aparentemente desconexas e completamente diversas em narrativa, períodos históricos, até mesmo gameplay, que por fim se juntam em um último oitavo capítulo que nos faz sentir naqueles episódios em que vemos vários Power Rangers Vermelhos reunidos. É sensacional.

Mas antes de embarcamos nesta jornada épica devemos agradecer à Square Enix LATAM por nos conceder a chave de review, muito obrigado!

(Homem Ser (Mulan) tocando no volume 100 ao fundo.)

História

Como exposto à pouco, em Live A Live acompanhamos inicialmente sete heróis em sete períodos diferentes, em ordem cronológica temos:

  • Pré-história: um jovem tribal chega à idade adulta em um mundo sem palavras.
  • Velho Oeste: um andarilho procurado luta pela sua vida.
  • China Imperial: um mestre do kung fu procura um sucessor de valor.
  • Japão Feudal: um shinobi se encarrega de uma importante missão secreta.
  • Dias Atuais: um artista marcial tenta se tornar o mais forte de todos os tempos.
  • Futuro Próximo: um jovem com poderes psíquicos enfrenta o mal.
  • Futuro Distante: um robô recém-construído é assolado por uma tragédia no espaço.

(descrições retiradas do site da Square Enix)

A classificação na página da Steam de ser indicado para maiores de 16 anos não é à toa, todas as histórias são passíveis de ter algum elemento maturo envolvendo tragédias ou simplesmente dando uma boa dose de realidade para mostrar que não se vive num mudo de fantasia.

É aparente, ao ver certos nomes da lista, a presença de gêneros clássicos como o Velho Oeste, mas todo período possui algo para chamar de seu. Sejam lutas de robôs de gigante, missões de infiltração super secretas com um shinobi ou história de terror ambientada em um lugar completamente isolado. Cada capítulo traz uma narrativa única ao herói de forma que somente vai encontrar em comum a forma de combate dentre estes (e a música do boss final de cada).

Dito isso, a ordem em que se joga não é importante, cada capítulo funcionando de maneira autônoma permitindo ao jogador apreciar na ordem em que desejar (apesar de que após ter jogado todos, percebo que alguns podem ser mais amigáveis a novatos no gênero do que outros). O oitavo capítulo é alcançado ao terminar os sete anteriores (semelhante ao que ocorre em outro jogo mais recente, Octopath Traveler).

Por fim, um dos fortes do jogo definitivamente está na história e nesta maneira de apresentar pouco ortodoxa, afinal é um risco que se corre de fazer jogadores pararem no meio do caminho por não evidenciar conexões, e que infelizmente não trouxe tradução ao português brasileiro (PT-BR), o que faz esse grande ponto não ser tão grande assim para parcela da audiência brasileira.

(Quero café!)

Gameplay

O combate é o elemento comum que une primariamente todas as gameplays, então comecemos por este fator.

(São vários tipos de golpe e status para temperar as estratégias.)

Sendo vendido como um RPG de combate tático é simples lembrar de outros títulos como Final Fantasy Tactics ou Tactics Ogre Reborn, mas Live A Live entrega as coisas à sua maneira. Em um misto de posicionamento em quadradinhos nos jogos citados com ATB presente em títulos como Final Fantasy IV, a movimentação é feita em “tempo real” pelo campo enquanto aliados e inimigos tem seu turno baseados na barrinha logo abaixo de seu HP. Não há MP para se preocupar ao conjurar magias, então o combate se concentra exatamente em posicionamento e uso de habilidades favoráveis ao momento.

Para além disto, o restante da gameplay é muito diversificada. Temos missão furtiva com mapas repletos de passagens secretas, torneio de luta, perseguição pelo mapa, gerenciamento de tempo para um determinado objetivo, robô gigante, bem, cada história tem a sua forma de transmitir a mensagem através de uma gameplay, nenhuma experiência é igual à outra, como uma fita 8-em-1.

(Justiça e Robôs! E poderes psíquicos! E uma tartaruga robô!)

Gráficos e aspectos técnicos

Neste remake o jogo ganhou o tratamento HD-2D que não apenas deu um sopro de modernidade ao título como também elevou um pouco a barra aos companheiros de visual em certos momentos. Todas as habilidades tem animações únicas com efeitos bem trabalhados e o cenário não se apresenta como um mero fundo, mas sim de forma a complementar a narrativa mudando o ângulo da câmera ou o foco no momento. Certos momentos lembram um filme entre as trocas.

Uma curiosidade aleatória é que os sprites utilizados para representar os personagens dentro dos balões de falas na época do Pogo (Pré-História) são os do jogo original. Na época sem palavras, acredito ter sido um bom toque para quem teve a oportunidade de jogar anteriormente.

Sendo uma versão de computador, há sempre a preocupação sobre requisitos para rodar ou grau de otimização. Nisto devo dizer que minha máquina é antiga, a placa de vídeo sendo uma GTX 780M por exemplo, e mesmo assim não tive quaisquer empecilhos durante toda a gameplay. É um jogo acessível nesta plataforma que costuma sofrer do mal da portabilidade.

(O sol nasceu na fazendinha... e no Velho Oeste.)

Música

Outro grande atrativo! Se você já jogou algum Kingdom Hearts, Final Fantasy XV, Legend of Mana, Parasite Eve e até mesmo Street Fighter 2 é capaz de reconhecer o nome Yoko Shimomura.

Ainda no começo de sua carreira, Shimomura ficou responsável por criar a trilha sonora completa do Live A Live e não deixou barato. A assinatura atual dela para mim é a de uma mãezona que abraça a orquestra na hora de compor, é como se as obras fossem feitas para harmonizar o sentimento da história com cada instrumento dentro do conjunto, não há “brigas”. O que deixa a trilha do título muito mais interessante, pois todo capítulo essencialmente tem uma música de mapa e outra de batalha, mas aos poucos uma história maior vai tomando forma através das gerações e Megalomania (nome da música de boss).

Falando especialmente desta pela presença proeminente nos trailers e jogo, Megalomania tem a força bruta de uma jovem Shimomura que apesar de clássica apostou numa composição que diz “Alguém vai morrer agora!” dividindo os jogadores entre aqueles que responderiam “Sim! Eu! Socorro!” e “E não vai ser eu!”. Independentemente se chorando ou sorrindo de antecipação, o que estes dois jogadores estariam fazendo é dançando ao mesmo tempo em que definem o rumo da história. Pelo menos tive dificuldade em concentrar na primeira luta que tive com esta música, levei um game over por estar empolgado demais só atacando impulsionado pelo o sentimento.

(Já joguei Street Fighter 7 e tá muito bom.)

Considerações finais

Todo trailer de Live A Live trazia a frase “A Lenda está Viva” e após ter tido a chance de jogar não creio ser um exagero. Dentro das premissas do jogo e considerando a época de seu nascimento, os elementos que compõem as narrativas e a própria viagem temporal quase 20 anos ao futuro, o título é uma recomendação fácil para quem gosta de histórias mais adultas e mais bobas embaladas com boa música. Inclusive, um trailer japonês para quem quiser só ver as figuras e outro em inglês para complementar após a análise.

Da Pré-História ao Futuro Distante, existe algo para todo jogador, até mesmo para quem não curte tanto o gênero de combate tático, e espero que essa análise possa ter sido a faísca necessária para embarcar nestas aventuras que incentivaram o nascimento de jogos atuais como Octopath Traveler ou composições como Megalovania de Undertale.

“Lendário” se escreve com 8 letras ou com 8 histórias únicas que juntas passam a ideia de colaboração dentro do mesmo título. Não são um grupo de amigos tentando salvar o mundo, são heróis que já provaram o seu valor e agora estão juntos para o último desafio, um sentimento raramente visto no meu histórico de jogos.

Até a próxima aventura, さらばだ!

("Um dia, iremos saudar uma nova alvorada.")

Esse texto é uma contribuição do player Arius Serph @ Behemoth.

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