Disgaea 6 Complete | Review

Saudações de chegada, dood! Disgaea é atualmente um nome consolidado no meio dos RPGs de estratégia e o seu sexto título, Defiance of Destiny, conta com alguns elementos muito conhecidos por fãs de longa data com sua história irreverente, personagens únicos e prinnies, assim como certas inovações, incluindo um novo limite de level de 99,999,999!

A base desta análise será por meio da Complete Edition, com todos os personagens e bônus disponíveis e de que maneira isto afeta a experiência da gameplay onde for cabível. Além disso, tendo em vista a minha familiaridade com a série, comparações com títulos anteriores também aparecerão.

E nada disto seria possível sem a key concedida pela NISA para a review, então muito obrigado, dood!

(Pode ser o sexto título, mas meu personagem favorito de todos os jogos não ficaria de fora.)

História

Uma das marcas registradas de Disgaea é o quão louca, em todos os sentidos possíveis da palavra, pode ser a jornada de nosso protagonista. Desta vez encarnamos na carcaça de Zed, um zumbi sob efeito de um magia complexa com o nome de Super Reincarnation, a qual prende o usuário num ciclo de morte e ressureição infinito até que o objetivo definido no momento da encantação seja cumprido. Com dois detalhes: a cada morte e retorno Zed fica mais forte, e se sua determinação falhar no processo ficará preso para sempre num limbo entre dimensões.

Sobre a maneira que a narrativa ocorre, o padrão desde o primeiro título é mantido, onde interações entre personagens ocorrem em telas dubladas como as de visual novel seguidas de lutas pelo mundo. São cinco lutas em cada um destes, tendo sempre um boss no último estágio.

Um Rei humano que resolve tudo com a força do dinheiro; uma Princesa do Mundo Musical que passou por 665 príncipes em busca do seu Final Feliz; uma Prism Ranger Vermelha que luta pela Justiça e para que seu mundo dentro da TV não seja cancelado; uma Diretora com 10 mil anos de idade de uma escola de magia renomada que por um descuido se transforma em uma Garota Mágica; um Overlord com o coração cheio e cabeça vazia; um cachorro que é muito mais do que aparenta ser. Os aliados de Zed o mostrarão que o sofrimento vem em diversas cores e em sua jornada pessoal de ficar mais forte derrotando o God of Destruction mais forte já visto em toda existência até então para proteger alguém muito especial a este, vai reaprendendo a força que vínculos podem carregar, até mesmo após a morte.

O que chama a atenção desta vez é o uso dos modelos 3D e como certos momentos isto aparece para apresentar a história semelhante ao Final Fantasy Tactics de PS1, unindo as caixas de diálogo usuais com algo que foge do 2D.

No geral, toda a jornada teve a cara de Disgaea: um humor louco bem típico de quests do Hildbrand (um sinônimo de que tudo, realmente tudo, pode acontecer no passo seguinte), o plot twist e o twist do plot twist, referências a cultura otaku/pop e a quebra constante da quarta parede. Se este será o seu primeiro título, terá tudo o que um bom Disgaea tem a oferecer (apesar do melhor ser o evidentemente o 4).

(A quarta parede é quebrada de tal maneira que nem colocam de volta.)

Gameplay

A Complete Edition traz uma série de bônus além dos personagens que influenciarão muito na experiência ao jogar. Gostaria apenas de conhecer a história e não precisar pensar muito taticamente? Utilize dos bônus de 900%/400%/100% concomitantemente e o novo recurso de Auto Batalha, o crescimento será tão vertiginoso que a própria IA não terá dificuldades de atropelar todos os estágios de um mundo (salvo raras exceções). É um jogador veterano o qual conhece a Land of Carnage e o grind de títulos anteriores? Guarde os bônus para quando de fato estiver mirando naqueles números grandes. Ou seja, para gregos e troianos, as opções estão aqui.

Na primeira metade do jogo reencarnamos em uma série de mundos que aos poucos vão incrementando nossa equipe ao passo de que uma pessoa daquele lugar acaba por entrar em nossa party, com a apresentação e resolução do problema em cinco estágios temos um fluxo bem dinâmico e não muito denso de informações sobre cada um, o que deixa a progressão mais leve neste aspecto.

Por fim, Disgaea 6 mantém a mentalidade gradativamente crescente de facilitar a vida do jogador que podemos sentir desde meados do 4. Os detalhes comento logo abaixo.

(Percebam o tanto de bônus disponíveis ali ao lado do menu.)

Classes

O jogo conta com 22 classes entre monstros e humanóides, bem menos que o título anterior, que são desbloqueadas a medida que se avança o nível de cada uma junto de condições em que outras estejam com determinado rank, semelhante ao sistema visto em Final Fantasy Tactics.

É de se notar que o jogo foi desenvolvido durante a pandemia, explicação dada ao número reduzido de opções, mesmo assim, para a pessoa que gostava de liberar tudo, certamente foi um golpe direto no coração.

(Cada estrela desta é um rank obtido, sendo 6 o máximo)

Combate

Outra das marcas registradas da série se encontra no combate com habilidades totalmente overpower destruindo mundos, galáxias e dimensões em suas animações com números de dano enormes que dão um nó só de tentar contabilizar no medidor embaixo (este em específico tem um troféu para causar 100 trilhões pontos de dano a um oponente qualquer inclusive).

Com este escalonamento de força digno de Dragon Ball, uma das premissas do combate é justamente a preparação anterior através do uso de Innocents (“passivas” dos equipamentos), sistema de reencarnação, equipamentos devidamente nivelados (você pode deixar uma espada no level 9999 entrando no item e subindo andares de fortalecimento por exemplo), novos Evility (skills passivas do personagem) e gerenciamento de classes. Pode parecer muita coisa, talvez seja, mas é divertido poder sintonizar todos os pontos de armas à personagens, você se sente responsável pelo crescimento.

E ao falar de responsabilidade acerca do crescimento, temos o ponto novo do sexto título: Demonic Intelligence, ou DI. Você pode programar suas unidades para repetir uma série de comandos baseado nas condições que se encontrarem. Devem priorizar baús? Proteger aliados? Dar cura? Correr diretamente pro dano? Você decide. Com a auto batalha e a DI todo o grind pode ser automatizado e, ainda mais, com os bônus da Complete Edition, altamente acelerado, eu mesmo cheguei 4 vezes ao nível máximo de 9999 antes de finalizar por causa destes.

Mais especificamente da parte tática, além de sobrepor seus oponentes pela pura força do treinamento, existem elementos como Geoblocks espalhados por mapas, os quais tem efeitos diversos como causar dano, aumentar atributos, invencibilidade, recuperação, buff gerais específicos para aliados ou inimigos, etc e a maneira em que os turnos se comportam, sendo o primeiro do jogador onde pode mover todas as unidades livremente dentro da área disponível a cada um, engatilhar sua ação, seja um ataque normal/especial, levantar/jogar alguém, defender/proteger um aliado para depois ser o dos oponentes, que terão à disposição exatamente as mesmas opções que dão as camadas de complexidade necessárias para além dos números.

Para quem não desejar a dor de cabeça, o modo de auto batalha, DI e a aceleração em até 32x da velocidade normal pode lhe oferecer a experiência mais visual novel com três mundos e cinco galáxias destruídas pelas animações nos estágios.

(Mano, é um doguinho de gelo enorme acabando com toda a existência.)

Planejamento

Como visto em certos jogos de estratégia, o planejamento pré-batalhas é um grande fator de gameplay. Em Disgaea 6, o gerenciamento ocorre principalmente por meio de NPCs em sua base, chamada Pocket Netherworld, cada qual com sua função.

  • Squad Shop: permite montar equipes para diversas funções que variam desde esquadrões especializados em compartilhar a experiência adquirida pelo líder em batalha por seus integrantes até que concedem incrementos ao crescimento de atributos dos participantes. Muito prático.
  • Item World: lugar onde é possível ‘entrar’ nos itens e aumentar seus níveis. Cada andar é gerado de maneira aleatória e povoado com inimigos com level de dificuldade equivalente ao andar e raridade. Além de poder trocar itens por pontos e com estes comprar Inocents, seres que habitam os equipamentos os conferindo habilidades como aumento de ganho porcentual de EXP ou ATK. Muito do seu endgame vai passar por aqui.
  • Juice Bar: função que armazena porcentagem do EXP e Mana das batalhas e possibilita ao jogador comprar níveis de proficiência em armas, em classes, atributos específicos e até level. É uma função MUITO útil para personagens recém-reencarnados, pois lhe permite voltar ao ponto de treinamento sem lutar, ou simplesmente comprar um personagem totalmente novo e o tornar overpower. Força do dinheiro, baby.
  • Research: mais uma automatização. Crie equipes e os despache para dentro dos Item Worlds selecionados. Para que entrar você mesmo se pode fazer seus personagens sobrando trabalharem? Mais uma coisa que facilita DEMAIS a evolução e progressão no jogo e endgame.
  • Quest Shop: recompensas pelo o que você já faria normalmente ao jogar. Missões envolvem classes com determinado nível, entrega de itens, completar certos marcos ou ter um valor de atributo específico. Outra funcionalidade com apenas intuito de recompensar o progresso.
  • Netherworld Hospital: a cada marco de recuperação de HP/SP/mortes, ganha um item legal.
  • General Store: onde compra os equipamentos. Com os bônus da Complete edition não precisei comprar nada, simplesmente fiquei mais forte que a necessidade de comprar algo novo.
  • Skill Shop: aumentar potência de habilidades, adquirir e transferir Evilitys, passivas dos personagens, estão por aqui. Outro canto que vai passar tempo no endgame.
  • Cheat Shop: manipule os percentuais de ganho de EXP, Mana, dinheiro, proficiência em armas, em habilidades e em skills. Pode modificar para ganhar até 3000% de algum destes. Tem mais que isso, mas o importante tá aqui.
  • Dark Assembly: transforme sonhos em leis do Netherworld. A Mana é a moeda de troca para convocar a Assembléia e fazer as propostas. Liberar novas cores de personagens, novos mapas, dar bônus de EXP e até mesmo exigir um troféu. Conte com a sorte ou suborne, pelo dinheiro ou pela força. O jeitinho dos demônios.

Além de tudo isto, ainda temos os D-Merits, marcos individuais de cada personagem que dão mais o que? Recompensas. Tudo neste jogo dá recompensa facilitada agora. Com a possibilidade de acelerar as batalhas em até 32x mais rápido, auto batalha e todas essa facilidades, Disgaea cria uma porta de entrada para drogas mais pesadas.

Desafio

Um breve bloco apenas para especificar que D6 traz de volta a Land of Carnage de maneira mais simplificada no quesito de acesso e serve de ponte para uma terra ainda mais desafiadora, pois se o limite de nível durante o jogo base era 9,999, passa a ser 9,999,999 no modo Carnage e 99,999,999 em Rakshasa, a dimensão cuja a lei do mais forte reina suprema.

(hehehe ....... hehehehe)

Aspectos visuais e musicais

Um dos pontos controversos da história de Zed foi a utilização de modelos 3D para a representação no campo de batalha. Com o argumento de facilitar o desenvolvimento e manipulação, a forma “2D” fora dos momentos de visual novel foi abandonada e substituída por algo semelhante ao gênero chibi. De fato isto aparentemente auxiliou com a performance durante as animações das skills, as quais jogando pelo ps4 não causaram sequer algum slow motion por mais chamativas que fossem, e alguns personagens ganharam pontos por combinarem demais com este tipo de representação. Por outro lado, retirou certa aura que os personagens à primeira vista carregavam, como Zed (e aqui acrescento Killia também, protagonista do 5 que estava em minha party). É, pelo visto, o novo padrão a ser adotado para jogos futuros julgando pelo trailer de Disgaea 7, mas espero que possam fazer spin-offs com o visual antigo só pelo fan service.

Para as músicas, Tenpei Sato, compositor de todos os outros Disgaea, retorna ao título e confere ao jogo o feeling já característico para quem conhece de outros verões ao passo que apresenta muito bem para quem chega agora o que se esperar musicalmente de outros nomes da série. De algo mais calmo indo até os momentos de hype, as 37 músicas não só não deixam a desejar, mas como pintam cada mundo visitado com a sua cor que vai além do visual.

(*música de Undertale tocando alta ao fundo*)

Considerações Finais

(EMOTINAL. DAMAGE.)

Sem dúvidas, D6 Complete é um grande nome que carrega e faz jus ao agora clássico mais louco dos SRPGs. Apesar das controvérsias trazidas pela mudança gráfica de certos pontos e principalmente a adição da auto batalha, não há nada que este deixe a desejar. “Mas então Disgaea 6 agora virou um auto clicker?” Pode ser que sim, pode ser que não, vai do gosto do jogador. Quer farmar indefinidamente enquanto faz as coisas do trabalho? Tem a opção. Quer quebrar a cabeça indo na mão nos mapas Carnage? Fique à vontade. O aspecto desafiador está presente para quem desejar e para os outros digo que no mínimo dá para rir se tiver aquele humor bobo em dia.

Mesmo minha história favorita sendo a do 4 (e está longe de mudar considerando os concorrentes), este título trouxe uma mensagem boa sobre família e como cada um tem a sua luta a superar, sendo através destas a verdadeira força forjada. Recomendo fortemente para todos que desejarem entender um pouco mais a força do dinheiro, do amor, da justiça, da perspicácia e da fraternidade. Que estes vínculos possam nos levar ao próximo numerado da série com todo o gás para salvar mais dimensões destruindo inúmeras mais durantes as lutas, dood!

Author: Aro
Idealista que se empolga com música, comida, pescaria, trocadilho, boas histórias, filosofia, animais, café, pessoas animadas e... na verdade, eu me empolgo fácil mesmo.

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