Saudações de chegada! Após as ondas nas primeiras impressões, é dado o momento de partir pro tsunami de esmeralda que é o jogo completo na review de hoje!
Lançado para Playstation, Nintendo Switch e Steam (PC), SaGa Emerald Beyond é o mais recente título de sua saga trazendo inovações em mesmo passo que mantém sua essência.
Infelizmente não há legendas em português e estará vinculado à versão americana (sem dublagens japonesas) caso compre na psn regional, mas sem delongar demais, vamos avante!
História
A história de Emerald Beyond se divide, e interconecta-se, entre cinco personagens, cada qual com uma missão e razão para visitar os 17 mundos disponíveis de maneira geral. Sendo:
- Tsunanori Mido: O mais próximo do esteriótipo “shonen”. Vindo de uma família de grande prestígio e renome, controla os kugutsu, marionetes conscientes, e parte em busca de quatro grande espirítos para restaurar a barreira mágica que protege sua cidade natal.
- Ameya Aisling: Uma quase bruxa prestes a realizar a provação para se tornar oficialmente uma das usuárias de magia de Pulcra. Tendo perdido seus poderes, tenta os recuperar enquanto coleta a mana para o teste final. Importante frisar que os poderes se manifestam fisicamente como gatinhos.
- Siugnas: Um vampiro imortal que outrora era conhecido como Dismal King. Sendo traído, acaba indo parar na terra dos mortos lutando por uma batalha que não é sua. Em busca de seus poderes e respostas começa a trilhar o caminho da aventura.
- Diva No. 5: Uma robô capaz de cantar, dançar, entreter e cativar os corações de todos os habitantes de Avalon. Ao, sem querer, performar uma canção proibida, tem parte de suas memórias seladas, perdendo assim sua habilidade de cantar. Sem propósito, descarta seu corpo mais “humano” e acaba por descobrir muito mais que o seu cotidiano anterior não possibilitaria.
- Bonnie Blair e Formina Franklyn: Duas recrutas policiais que acabam se unindo para desvendar o mistério por trás do ataque ao Presidente. Com a alegação de que o presidente não passa de um traidor e um triângulo em mãos, embarcam na sua jornada de provações. Tecnicamente isso faria dizer que são 6 personagens, mas como andam sempre juntas em um arco só, as considerarei uma.
Um dos charmes do título é que não há apenas uma forma de prosseguir e terminar cada um destes arcos. É possível, através de escolhas diretas, ao jogador ir parar em um mundo que não visitou antes ou simplesmente o pular completamente por alguma opção de dialógo. Talvez isso tenha ocorrido ao dizer certa vez que “o problema não é seu” para certo NPC…
Em contraponto, a sensação de deixar passar algo importante por causa desta característica é sanada com o “Rewind”. Ao o selecionar é possível voltar de interação em interação a algum ponto chave, entretanto, se for sua primeira vez com aquele personagem não recomendaria o seu uso pelo motivo a seguir.
Outra função chave pertinente à história e como se desenvolve é a repetição após finalizar, tal seja a presença de um contador ao lado de cada personagem para simbolizar quantas vezes passara ali. Ou seja, há um incentivo para a rejogabilidade tanto pelos diversos finais que pode encontrar quanto as heranças entre uma jogada e outra.
Por outro lado, é importante ressaltar que um tema típico de jogos com mais de um protagonista, como Nier Automata, Live a Live ou 13 Sentinels, onde se juntam de fato e a história de um passa a ser a de todos não está muito presente no título, limitando-se a participações especiais aqui e ali. O foco principal é na jornada de cada um.
Por fim, cada personagem interage de uma forma dentro dos mundos por mais que o tenha visitado com algum dos outros 4, então vale a pena o explorar para descobrir um pouquinho mais do contexto da região.
Gameplay
Para além das características cíclicas abordadas no tópico anterior, temos especificamente para a gameplay alguns atributos que afetam a experiência do jogador.
A começar justamente pela ausência de níveis de experiência. O “level up”, na falta de uma expressão melhor, ocorre através do uso de determinada ação ou atributo, como se pôde ver em títulos como Final Fantasy II. Para aqueles não familiarizados, significa que após usar uma determinada magia X vezes, você terá um aumento naquele elemento ou no atributo de mágica em si.
Seis classes de equipamentos ofensivos e suas melhorias, formações de batalha que favorecem/mitigam alguma situação específica com bônus de atributos, personagem suporte que confere um buff para a equipe, desafios a serem cumpridos nas lutas que recompensam materiais, sistema de bazar autonômo (você deixa materiais lá e após um confronto pode conferir as opções de oferta para troca) e um sistema de tutelagem passiva onde pode treinar personagens que estão fora da equipe de batalha são outras funcionalidades disponíveis.
A progressão entre os mundos envolve a missão do protagonista que o jogador está controlando em questão, por exemplo, com o Mido estará buscando algum grande espírito, mas mesmo que suas escolhas não o levem a encontrar um, outro mundo fica disponível para tentar. Um possível empecilho neste tipo de progressão é que não há a possibilidade de se arrenpender e sair de um mundo antes de sua completude, então caso fique empacado, só um novo save.
“Empacado? Como assim?”
Combate
A jóia da coroa do título e o que potencialmente definirá se você vai se interessar por ele ou não é este aspecto do qual veremos com mais detalhes adiante. Para tanto, podemos exemplificar de duas maneiras: internamente, utilizando outro jogo da própria saga (hehe), ou externamente, tentando aproximar algo da experiência utilizando outros títulos.
Sendo o primeiro caso, e se jogou o SaGa Scarlet Grace, não há muito o que se dizer. Apenas que todas as lembranças que tem do sistema do combate estão não somente presentes, mas como incrementadas. Logo, se já curtia antes, sem sombra de dúvidas vai gostar de como conseguiram aumentar a dinamicidade e elementos presentes no fator de decisão nas lutas. Ah, melhoraram a utilidade das magias também.
Já como iniciante é um pouco mais complicado. Tomemos como base o escalonamento de dificuldade de dois títulos táticos: Final Fantasy Tactics e Tactics Ogre Reborn.
No primeiro (FFT), se aumentar muito o nível de determinada unidade, todas as batalhas fora da história principal acompanharão o raio daquele level. Por exemplo, um personagem level 99 com uma equipe de personagens level 1 irá fazer aparecer no mapa encontros com inimigos 97-99 não importando onde estiver. No segundo, existe um limite de nível para determinado ponto da história e todos os chefões sempre são acima do limite. Estas duas formas criam uma dificuldade que se ajusta ao jogador ou o limita, mas em Emerald Beyond temos um misto dos dois.
Mesmo sem contar com níveis de experiência, existe um medidor oculto (Battle Rank) que leva em consideração os atributos dos personagens, seus equipamentos e melhorias, habilidades e proficiências para gerar um valor. Usando isto, o jogo adapta o grau de dificuldade original (Easy/Normal/Hard/Brutal) da batalha para aquele seu rank. Ou seja, uma batalha de mais alto nível de dificuldade sempre será difícil não importando o quanto farme.
Além disso alguns upgrades são dependentes dos chefões da história, ou seja, para melhorar um equipamento é necessário derrotar algum chefe e utilizar o seu drop para o melhorar. Adaptabilidade e limitação se unem para garantir que sempre utilize o máximo das funções para aquele grau.
Música e aspectos visuais
Kenji Ito, compositor firmado para os jogos da saga, retorna para colocar mais um título abaixo de seu cinturão. Com cada mundo e personagem possuindo uma música tema, pode-se criar a ideia de identidade entre certa melodia e situação. Em exemplo, “ah, a música de tensão”, “agora a música oficial de chefe”, etc. Para um jogo que oferece muito em rejogabilidade e encontros diferentes, não temos um leque diversificado que acompanhe as novas descobertas feitas em outras jogadas.
Já no visual dos personagens temos um misto do real e fantasia, típico de jogos SaGa e para os mundos é como se abríssemos um livro de história para crianças em que certas imagens pulam para fora. Não muito rebuscado, de fato, mas deve favorecer em processamento nos computadores menos potentes.
Dublagem
Um tópico dedicado às vozes que atuam em Emerald Beyond é mais que justificado considerando a gama de personalidades e representações culturais diferentes presentes desde as artes do jogo como dentro dele.
Se temos Mido, uma pessoa do interior sendo dublada por Jas Patrick com aquele sotaque mais country, ou Formina sendo representada com um sotaque mais ou menos indiano ao lado da Bonnie quase texana (mas bem mais moderada) até Diva no que seria uma espécie de Londres na Revolução das Máquinas, cada dublador soube pontuar e localizar seu personagem no contexto da obra e de sua personalidade, e por isso merecem uma atenção especial.
(Muito bom de se ouvir, mas ao mesmo tempo dando graças por ter legenda)
Considerações finais
Sabendo incrementar na fórmula de sucesso do título passado e experimentando novos horizontes seja coletando espíritos, investigando esquemas, recuperando seus poderes ou sua voz ou ainda se tornando um bruxa, SaGa Emerald Beyond é um jogo que acolherá muito bem os veteranos da série oferecendo o desafio esperado com alguns (muitos) novos aditivos ao aspecto estratégico das lutas.
Já aos novatos desbravadores, não se espante com algum tutorial de mecânica nova aparecendo mesmo 10 horas adentro do jogo e tenha certeza que o seu dinheiro estará investido em algo que passará um tempo montando, remontando e desmontando até conseguir aquela vitória brutal desejada.
Se um último conselho aqui couber, comecem pela Diva se estão atrás do desafio, ou pela Amelia caso não queira ficar por um fio, mas de qualquer forma, até o próximo mundo, さらばだ!
* Chave para PlayStation 4 cedida pela Square Enix *
Esse texto é uma contribuição do player Arius Serph @ Behemoth.