Yomawari: Lost in the Dark | Review

Saudações de chegada! Uma cidade pequena com segredos sórdidos de um passado que se recusa a ficar para trás, um céu que esconde revelações, uma criança sem memórias e uma maldição.

Bem-vindos a Yomawari: Lost in the Dark.

O terceiro título da série de terror disponível para Switch/PS4/Steam retoma alguns elementos de seus antecessores para apresentar uma história nova e independente. Infelizmente sem localização em pt-br, mas que favorece o entendimento através de suas mensagens sutis.

E antes de mais nada, devemos agradecer à NISA por nos fornecer a chave de review, muito obrigado!

(Aquele momento que você já fica tenso quando tem um pet em jogo de terror)

História

A história começa colocando o jogador em sua escola para pintar uma das facetas de sua vivência, uma vítima rotineira de bullying. Entretanto, após determinado evento, a situação muda (para pior) quando ao acordar em uma floresta estranha quase sem memórias, uma pessoa que se diz conhecida conta de sua maldição.

Relata que o jogador já sabe como a reverter e que tem até o nascer do sol para  conseguir, caso contrário, será condenado a um destino… bem, nada confortável.

A maneira que o jogo conta sua história é sensacional. Ao invés de se basear somente em diálogos, usa da descrição dos itens encontrados em determinada região para explicar os acontecimentos. A chave toda chamuscada dentro de um incinerador, a notícia de jornal relatando o desaparecimento de uma criança, o diário de uma professora acerca de um aluno ou um crânio humano.

Tudo relata ao jogador de uma maneira não clara os acontecimentos macabros ou hediondos que assolam cada beco da cidade. O que é bem pior, pois aliando ao estado dos monstros e o ambiente, é possível visualizar facilmente a pior tragédia possível.

("Antes de começar esse jogo, temos algo a perguntar de você")

Gameplay

Sua tarefa é recuperar suas memórias pegando itens específicos que se ligam a estas mesmas memórias a fim de lembrar como se livrar da maldição. Basicamente, explorar as localizações da cidade, a escola ou parque, por  exemplo, de maneira a os encontrar.

O empecilho: você não está sozinho. Cada rua da cidade pode esconder um yokai (espírito japonês) diferente, com uma habilidade ou forma de comportamento peculiar. Isso também leva à consequência de como lidar de maneira única com cada um deles.

Para isso, você conta com uma lanterna e a habilidade de fechar os olhos. Por vezes, certos espíritos não oferecem riscos se não os olhar diretamente. Em outras, talvez seja melhor correr. Ainda mais, desligar a lanterna figura como opção. Vai da criatividade do jogador.

Uma das preocupações que pode surgir é a de como saber para que lado prosseguir ao não ter memórias, e ao invés do jogo oferecer uma bússola ou apontar no mapa (que é desenhado pelo próprio jogador ao trilhar) apenas oferece uma dica “gentil” de que talvez não seja para um determinado lado ainda.

Por fim, há diversas recomendações dentro do jogo. Instruções deixadas por outros do passado ou de vozes perturbadoras que sussurram em seu ouvido, decidir no que e em quem confiar faz parte da jornada madrugada adentro.

("Aviso. Por favor, não jogue se você se preocupa com a sua saúde física ou mental")

Música e aspectos gráficos

Quem chegou a ler outras reviews minha, deve ter percebido como me empolgo para falar de música, em como é essencial para ditar o ritmo da história. Esse é um jogo que não apenas fico feliz de não ter música, como só funciona justamente por isso.

Ao explorar a cidade e suas localizações noite adentro rumo à alvorada, não há ninguém transitando pelas ruas (não vivo, pelo menos) e isso se traduz no silêncio ensurdecedor. Pode-se escutar apenas os barulhos de nossos próprios passos e ocasionais veículos passando distantemente.

Isso auxilia em muito a desenvolver o clima de cada ambiente e a identificar as ameaças ao redor, pois cada demônio possui um som único relacionado. Seja um grito, lamento, sussurro ou o arrastar do metal no chão, você percebe que tem algo chegando através do silêncio sendo quebrado.

Essa tensão do vazio sendo quebrada por um entidade se lamentando enquanto trisca em seu ombro ao andar de olhos fechados e a única outra coisa possível de se escutar é o próprio coração batendo de desespero acompanhado do controle em mãos (no caso do PS4) é o diferencial da nossa aventura de terror.

Aliando-se aos efeitos sonoros, temos a forma de como o ambiente se apresenta. Bonecas antigas decapitadas, manchas de sangue ou a precariedade de certos locais garantem ao jogo ter uma classificação Teen, mas abordar temas muito mais pesados, pois a insinuação sutil as esconde logo a vista. O silêncio casa com o estado dos ambientes, causando desconforto e sugerindo a tragédia.

("Aviso. Em caso de olhar para longe da tela enquanto estiver jogando, nós não nos responsabilizamos pelo o que você pode vir a enxergar.")

Considerações finais

Para quem acompanha o gênero, sabe que a forma oriental de contar histórias de terror é muito mais psicológica. Ao invés de descrever tudo, sugere elementos, sons e dicas de que existe algo não à vista, uma realidade ainda mais perturbadora se esconde sob os fatos mostrados.

Não se deixe enganar à primeira vista pelo visual fofo, Yomawari Lost in the Dark faz isso muito bem.

Não me aprofundo em quais temas ou situações para que a experiência de descoberta esteja presente no terror da revelação, mas é de se perguntar, enquanto se salva uma vida, o que é errado? O que é o certo?

É algo a se descobrir. Entretanto, há algo já descoberto:

 

Os avisos dados ao começo do jogo

 

não mentem.

 

🙂

 

さらばだ。

(...)

Esse texto é uma contribuição do player Arius Serph @ Behemoth.

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