Code Vein | Review

Saudações de chegada! Hoje trazemos a análise de um jogo cuja premissa de unir aparentemente dois mundos diversos pôde representar tanto uma alternativa à fãs ou uma “heresia” dependendo de quem se indague. A bola da vez está com Code Vein, lançado em maio de 2019 para PC (Steam), PS4 e Xbox One e que está disponível atualmente no catálogo de jogos da PS Plus Extra, razão pela qual pude experienciar o jogo.

O aspecto gráfico “anime” presente nos personagens pode ser uma das razões a torcer o nariz considerando o visual de outros jogos soulslike como Bloodborne, uma cidade vitoriana repleta de bestas selvagens e caçadores estilosos, mas não se engane, todas as características que marcam a jornada de um jogador do gênero estão presentes no título.

E o melhor, devidamente e completamente legendado em português. Melhor que muita empresa em 2023.

(Inclusive a referência ao Bloodborne não foi à toa.)

História

Em um futuro não muito distante do nosso presente, um evento chamado Grande Colapso ocorre e Horrores aparecem na Terra, seguidos de Aparições (Revenants), humanos parasitados que se tornam imortais, desde que o parasita não sofra um golpe fatal, em troca de doses periódicas de sangue humano. Em caso negativo, a sede os domina pouco a pouco até se tornarem Perdidos, criaturas sem consciência completamente tomadas pelo parasita e que uma vez mortos se tornam cinzas, sem chance de retorno.

É nessa premissa que o jogador se encontra como uma Aparição em Vein, cidade envolta pela Névoa que impossibilita contato com o mundo exterior onde seus habitantes, outras Aparições, lutam para sobreviver e desvendar os mistérios que os cercam.

Apesar de ter apresentado a experiência de um soulsborne como comparativo, a história é apresentada de maneira clara e objetiva através de cutscenes, falas e vestígios de memória que complementam o histórico dos personagens ao seu redor, diferentemente de ter de ligar os pontos pela descrição dos itens, uma fala de um boss secreto e dois vídeos de lore na internet.

Além disso, o jogo conta com mais de um final dependendo das ações do jogador, o que confere certo grau de rejogabildade para conhecer outros desfechos da história.

(Sozinho ou com parceiros, a busca por sangue continua.)

Gameplay

A progressão se dá de maneira ordenada por mapas indicados pela história principal repletos de inimigos, armadilhas e golpes surpresas que te jogam de um precipício após muito explorar e estar cheio de souls, aqui chamado de bruma, fazendo retornar o mais breve possível para as recuperar. Uma sensação clássica e conhecida por quem já jogou algo do gênero.

Os mapas recompensam a exploração através de rotas secretas em que precisa estar atento aos detalhes além do caminho à sua frente, muitas vezes precisando cair ou quebrar objetos para revelar uma passagem.

Ainda mais, o nível de dificuldade dos bosses e da exploração em si pode ser ajustada através não de modos de dificuldade, mas da escolha de ter ou não um parceiro consigo, de um código de sangue específico em detrimento de outro ou de jogar ou não online, visto que o coop também é um elemento presente. Esse certo grau de customização da experiência junto dos diversos tipos de armas e movesets me parece o que diferencia a acessibilidade à aventura. Inclusive ao tratar de customização, é notável dizer que a customização de personagem neste jogo coloca muitos atuais no chinelo.

Vale também dizer que cada código de sangue possui habilidades ativas e passivas únicas que uma vez masterizadas em combate podem ser utilizadas em conjunto com outro código, aumentando a variedade de builds possíveis.

Por fim, para além da história principal temos as quests secundárias nos ambientes liberados de maiores perigos e as profundezas, uma série de mapas menores que recompensam materiais e oferecem um tipo diferente de desafio, algo semelhante aos Chalice Dungeons em Bloodborne, mas de maneira fixada.

(Uma variedade de Códigos de Sangue modifica a experiência da gameplay.)

Música e aspectos gráficos

Masaru Shiina, ou como é conhecido profissionalmente Go Shiina, é o responsável pela trilha sonora de Code Vein. Seus outros trabalhos como God Eater, Tales Of e Harvestella podem pintar um cenário sugestivo a um padrão pop/rock, mas é de se perceber que, como compositor, Shiina tem um grande leque de variedade musical à disposição.

Unindo músicas orquestradas clássicas com um coral masculino/feminino, as trilhas do jogo conseguem trazer o sentimento de urgência e poder que é enfrentar um boss onde a mente está inteiramente focada em responder à pergunta “qual é o padrão agora?” entre esquivas, bloqueios e ataques oportunos. Percebo que pode representar desespero também, mas ter o sangue fervendo enquanto tento me acalmar para enxergar os movimentos é algo mais comum à minha realidade. Talvez escutar 30 segundos começando deste trecho seja mais palpável.

Mas se nem de chefões vivem as experiências marcantes, no quesito das músicas que nos acompanham durante a jornada há a outra face de se viver em um mundo devastado cujo o amanhã é incerto para si e todos ao seu redor. Por memórias e acontecimentos, a essência do foi e do que é a vida em Vein está também presente nas composições, como essa. Aí fica do jogador dizer se o chefão mais difícil são aqueles que você enfrenta no mano a mano ou os feels.

A ambientação gráfica é bem trabalhada, assim como o design das armas, véus de sangue (armadura) e o próprio sangue presente nas habilidades ou dos inimigos sendo espalhados pelas paredes ou chão. Por outro lado, a queda de quadros repentina aqui e ali ou certos monstros não carregando direito podem render boas risadas no último ou frustrações no primeiro caso. Nenhum bug saliente chegou a ocorrer nas 80 horas de jogo, mas as quedas de quadro sempre estiveram lá, espero que no PC (Steam) possam ter resvolvido melhor este problema.

(O sistema de "parry" e backstab também é muito irado. É sangue para todo lado.)

Considerações finais

Customização de personagem com diversas opções, exploração e combates soulslike, música no ponto do sentimento e loucura, dungeons com diferentes cenários e criaturas, a história de uma era pós apocalíptica com personagens que tem sua própria história a adicionar ao mundo. Creio que este seria o resumo do jogo com as quedas de quadro aqui e ali.

De maneira geral, é uma experiência divertida, não pelo sofrimento que é associado ao gênero de souls, mas pelo sentimento de conquista de algo mais difícil, de poder sentir que você é melhor que algumas horas atrás, que enxerga melhor e ao passar do desafio poder sorrir pensando “heh só isso?” mesmo sabendo claramente que não foi fácil estar presente. E mesmo que você seja um novato, há maneiras de mitigar isso para que possa sentir a mesma coisa de maneira assistida. Até o momento em que a vontade de se provar mais ainda possa acontecer.

Se você não se importar tanto com o desempenho gráfico e gosta do gênero ou visual, digo que seria uma recomendação, a diversão e história estão lá. Quem sabe aproveitar uma promoção ou pegar na Plus Extra para ficar mais divertido ainda.

Até a próxima bonfire, さらばだ!

Author: Aro
Idealista que se empolga com música, comida, pescaria, trocadilho, boas histórias, filosofia, animais, café, pessoas animadas e... na verdade, eu me empolgo fácil mesmo.

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