Disgaea 7: Vows of the Virtueless | Review

Saudações de chegada! O que acontece se juntarmos um demônio alérgico a tudo que é bom, uma idealista incomparável, combate tático e o level 9.999? A resposta é: Disgaea 7!

Diferente de seu antecessor imediato, o título dá alguns “passos para trás” que viabilizaram grandes saltos à frente, assim como não deixaram de tentar trazer algo novo à jogabilidade da franquia.

E devemos dizer desde já, conseguiram.

Por fim, agradecer à NIS America por ter nos cedido a key para a review, muito obrigado!

(O Conselho irá decidir o seu destino.)

Observações iniciais

Aqui no site também é possível encontrar à respeito de outros dois jogos da série, sendo eles Disgaea 4 Complete+ e Disgaea 6 Complete, podendo ser referenciados ao longo resenha com o intuito de comentar assuntos já abordados anteriormente, frisando as diferenças ao invés das semelhanças onde possível.

Além disso, como um jogador veterano de Disgaea, a análise foi feita levando em conta características determinantes na série, sem deixar de perceber em que pontos um novato poderia se divertir considerando o gênero de rpgs estratégicos.

Sem posteriores delongas, hora de dar o nosso pior!!

A demo está disponível para download também. Para quem não conhece, a música utilizada nesse trailer é exclusiva da versão americana de Disgaea 1 (Hour of Darkness) no Playstation 2 há mais de 15 anos. Uma referência histórica muito bacana.

História

Ambientado em um Netherworld semelhante ao Japão Feudal, Hinomoto é a casa de nobres e orgulhosos demônios que vivem pelo código do bushido, o Caminho do Guerreiro. Ou pelo menos assim era no passado.

Com a chegada de Demodore Opener, tal caminho se perde em meio a tirania do novo Shogunato. Guerreiros que outrora lutavam por honra, agora o fazem por migalhas de pão.

É esta realidade que encontra Pirilika, uma otaku sobre tudo que era de Hinomoto e sempre enxerga o melhor em cada pessoa, nem que para isso tenha de criar um contexto histórico prévio trágico em sua mente justificando as ações ruins de alguém. Munida do objetivo de restaurar o bushido àquela terra acaba por se deparar com Fuji, um demônio alérgico a qualquer sentimento bom e não tem nenhum problema em atacar pelas costas ou durante o monólogo de seu adversário. (Jack Garland, é você?)

Tendo a promessa da recompensa em dinheiro oferecida por Pirilika, Fuji aceita buscar os 7 Tesouros Infernais Fundadores para que ela possa cumprir o seu objetivo. O que os dois protagonistas não esperavam é que uma criança incrivelmente forte, um shogun sem noção, uma ladra sem memórias, uma mestra espadachim que utiliza lanças e um androide capaz de calcular o futuro se juntassem à jornada.

Em relação ao título anterior, a história ficou mais compacta, mas de nenhuma forma deve ser tomado como algo negativo, pelo contrário, pois mesmo seguindo o padrão de cinco estágios por capítulo, o molde foi adaptado a fim da transferência de foco durante a trama ocorrer de maneira fluída. Isso auxiliou a deixar o conto mais dinâmico e fresco em suas interações.

Mesmo após o fim da campanha principal, os modos posteriores como a Land of Carnage e Dimensão Rakshasa se ligam ao contexto da história do jogo, assim não apenas expandindo neste quesito, como o ligando a elementos da jogabilidade.

Por fim, ainda que os modelos 3D tenham sido mantidos, estes ficaram restritos somente aos embates, pois durante a história voltamos ao modo mais semelhante aos jogos de light novel: personagens 2D na tela e a caixa de dialógo logo abaixo.

(Pode nem agradecer mais.)

Gameplay

Para além da história com referências da cultura de jogos e pop, como no presente título um dos vilões ser um scalper (pessoa que compra itens para os revender muito mais caro), outro ponto chave do que define um Disgaea é sua gameplay característica.

De maneira geral, percebe-se um retorno à mecânicas e características de jogos passados junto de modificações pontuais interessantes, pois depois que se pára para levar em consideração certos elementos e sua função, aquelas fazem muito sentido.

Classes

Retornamos aos grandes números de classe e em Disgaea 7 temos 45 opções destas para espalhar o caos em Hinomoto. Dentre estas, 4 são inéditas:

  • Maiko: unidade de suporte que oferece buffs diversos.
  • Bandit: versão masculina da Thief cujos ataques favorecem o combate corpo-a-corpo.
  • Big Eye: unidade monstro com diversos ataques em área.
  • Zombie Maiden: versão feminina oriental do zumbi capaz de ressuscitar uma vez por batalha.
(O fã de Final Fantasy Tactics pira com tanta classe)

Inteligência Artificial

Tópico proeminente em Disgaea 6, seu uso foi repaginado. Anteriormente era possível iniciar in promptu com a opção qualquer mapa sem quaisquer limitações, neste, não apenas a primeira vez obrigatoriamente deve ser realizada manualmente, como cada turno neste modo rende um token a ser utilizado nas batalhas automatizadas. O que isso significa na prática é que se tiver passado por 65 turnos manuais, por exemplo, tem carga para 65 turnos automáticos, o que leva a outro ponto relacionado.

Demonic Inteligence não é algo novo à série, porém toma importância a partir do momento em que cada turno conta, afinal, se monta uma boa fórmula, utiliza menos turnos, o que garante mais lutas automáticas. Esse pequeno detalhe eleva o nível estratégico incentivando uma boa esquematização em tempo economizado.

Combate

Figura conhecida no meio tático/estratégico por seu combate, na jornada de Hinomoto retornamos ao limite máximo de level 9.999, o que leva ao leveling em cada embate mais fechado, significativo.

A antiga bonus list deu lugar a mission list, uma série de restrições ou objetivos, por exemplo ‘terminar a luta em até 5 turnos’, os quais dão um foco maior ao gerenciamento de unidades e recompensas por isso. Reconhecendo a função anterior, essa nova lista aponta melhor as possibilidades em cada mapa.

Outro carro chefe na divulgação, a Jumbofication, mecânica onde unidades tanto aliadas quanto inimigas crescem a ponto de sair da arena, é mais recorrente nas batalhas para ambos os lados do que esperava pelos vídeos, sendo peça-chave a muitas reviravoltas.

Semelhante ao Revenge Mode do Disgaea 5, Hell Mode é outra adição em que cada personagem do núcleo principal obtém, liberando habilidades novas junto de algum efeito positivo determinado. O que difere do primeiro citado é que cada unidade que o detém deve encher sua barrinha de maneira particular a aquele personagem, seja tomando dano, curando outros ou participando de ataques em combo.

Por fim, nem só de embates viverão estes demônios, pois um novo modo conhecido por Demonic Shogi aparece. Ao invés de ter a sua equipe em campo, receberá um conjunto determinado de unidades e deve conseguir a vitória as utilizando como um jogo de xadrez. Outra adição que auxilia deixar o caminho na história principal mais dinâmico.

(Ban...kai! Não, espera, mídia errada.)

Planejamento

A lista exposta na review do Disgaea 6 não difere muito desta, logo cabe apenas pontuar mudanças em três tópicos:

  • Juice Bar: apenas pode ser utilizado para ganhar level, mana e stats, não mais níveis de proficiência ou elemento diverso. Uma mudança que reforça a ideia de menos tópicos automatizados.
  • Netherworld Hospital: não mais a lista tradicional desde o primeiro jogo a qual davamos check após certos marcos de cura, agora o jogador recebe pontos os quais podem ser utilizados no gacha, obtendo equipamentos formidáveis se a sorte estiver em dia.
  • Item World: oferece o Item Reincarnation. Reduzindo o número máximo de andares para 30 em itens lendários, é mais rápido de lidar com este aspecto presente no endgame e o acréscimo da nova modalidade de reincarnação disponibiliza outra gama de possibilidades sem muita dor de cabeça.
(Até o jogo sabe que não faço isso no FFXIV)

Aspectos musicais e visuais

Os modelos 3D vieram para ficar, mas como relatado previamente se restringem aos combates. Por outro lado, as animações dos golpes que envolvem desde prinnies gigantes se arremessando até o próprio Big Bang causado por um soco foram melhor trabalhadas. Um quê de realismo sem perder a fantasia pela qual a série é conhecida.

Já na música, uma mudança nos nomes. Tenpei Sato, compositor presente desde o primeiro título não esteve presente desta vez. Os quatro que assumiram seu lugar trabalharam em outros jogos da empresa, mas aparentemente conheciam bem a franquia a ponto de manter a identidade musical trazendo novos ares em composições majoritariamente de cunho oriental/japonês unido ao rock ou eletrônico. Uma soma não usual, entretanto, que deu certo.

Ah, temos até enka inclusive.

(Ao completar os capítulos o jogador pode retornar para explorar, recrutando novas unidades)

Considerações finais

Disgaea 7 é prova viva que por vezes menos é mais. O uso quase repetido dos verbos “retornar” e “voltar” foi deliberado, não para expressar um saudosismo de que antes era melhor, mas sim para evidenciar passos para trás que representaram pulos para frente, pois não ocorreram isolademente. As alterações diversas de elementos que sempre estiverem presentes em outros títulos como a bonus gauge ou a lista do Netherworld Hospital, ou até mesmo dos compositores, representa o compromentimento de tentar se reinventar dentro do mesmo gênero pela sétima vez.

Tendo uma história concisa priorizando a fluidez nas transições, personagens munidos de temas já utilizados previamente porém com nova roupagem, músicas temáticas e desafiadoras, muitas classes e o combate tático, não há sombra de dúvidas de que tratamos de um Disgaea. Uma série que soube ousar e aprender.

Que mais pessoas possam aproveitar da sua vinda ao Ocidente em breve, mas até lá, さらばだ!

Author: Aro
Idealista que se empolga com música, comida, pescaria, trocadilho, boas histórias, filosofia, animais, café, pessoas animadas e... na verdade, eu me empolgo fácil mesmo.

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