FFXIV | Contos da Alvorada: Em Busca de Conhecimento

Tales from the Dawn: In Pursuit of Knowledge

Contos da Alvorada: Em Busca de Conhecimento

“Se você nos ajudar, compartilharemos com você tudo o que sabemos.”

Assim terminou a carta que seu colega gleaner lhe entregara na Ishgard varrida pela neve. Enquanto observava a assinatura da peticionária, Krile Baldesion, Erenville lembrou-se do grupo eclético que o havia recebido em Labyrinthos. Qual a sua história?

Ele estava ponderando a proposta em seus aposentos quando seu linkpearl tocou. Era o oficial de administração da guilda, que lançou a notícia chocante antes que Erenville tivesse a chance de falar.

“Haverá um grande êxodo! Um êxodo saindo da própria estrela!”

Em tom frenético, o homem transmitiu os detalhes do anúncio do Fórum. A chegada dos Final Days, como previsto por Hydaelyn, e os meios pelos quais eles poderiam escapar: a lua. Eu sabia que eles estavam escondendo alguma coisa. Mesmo enquanto lutava para assimilar tudo, sentiu-se justificado pela revelação.

“O tempo é precioso! Faça o que você deve e volte para Sharlayan imediatamente!”

 

Apesar de seus melhores esforços, Erenville levou três dias inteiros para devolver os animais em seu cuidado aos seus habitats naturais. Dias os quais recebeu relatos inquietantes de calamidade e caos no Near East. Ao chegar na praça do aetheryte de Sharlayan, marchou para o Baldesion Annex próximo, onde encontrou Krile no meio de uma discussão com o recepcionista.

“Conte-me os detalhes”, disse ele, declarando a si mesmo e seu propósito de uma só vez, enquanto colocava a carta na frente dele.

Krile olhou para ele, estupefata, mas rapidamente se recompôs e obedeceu.

E que conto fantástico era. Os Scions of the Seventh Dawn tinham descoberto não só a verdadeira história da estrela, mas a causa dos Final Days. E agora eles procuravam preveni-lo, para que todos pudessem ser salvos.

Erenville sempre se esforçou para cultivar um conhecimento mais amplo do mundo, tanto pelo seu trabalho quanto para si mesmo. Ele tinha, é claro, ouvido falar sobre os Scions—seu renomado campeão não menos importante. Não esperava, no entanto, enviar o referido campeão em uma missão para reunir marmotas fugitivas, nem encontrá-lo novamente logo depois na forma de um sapo. Então é assim que os “aventureiros” se divertem. Mas agora estando a par do conhecimento dos Scions e seu propósito, ele não podia deixar de sentir a pequenez de sua própria função.

Mesmo dentro do escopo limitado de suas experiências, parecia não haver fim para os mistérios da estrela. O relato vertiginoso de Krile deixou claro que não havia sequer arranhado a superfície, e doía imaginar todos aqueles segredos deixados para trás, nunca vendo a luz do dia. Todas aquelas histórias para sempre não contadas.

“Diga-me como posso ajudar.” A súplica sincera escapou de sua boca.

A expressão de Krile suavizou, e ela começou a explicar o papel que os Scions desejariam que a guilda dos gleaners desempenhasse nos preparativos para a viagem inaugural da primeira nave estelar de Sharlayan.


O grande plano foi rapidamente posto em prática. Empregando sua vasta rede de contatos, Erenville e seus colegas gleaners garantiram uma grande parte da mão de obra necessária para aprimorar o aetherburner da nave. Aqueles que atenderam ao chamado reuniram-se no Scholar’s Harbor antes de transportar suprimentos para o Central Circuit. Lá, eles trabalharam sob o olhar atento do Fórum para completar a enorme arca que voaria até a borda do universo.

À medida que o trabalho entrava na fase final, enquanto o hyperhopper dos Loporrits era trazido, os espécimes que haviam sido postos anteriormente na arca precisavam ser removidos. Auxiliados pela equipe de Labyrinthos e membros do contingente Ilsabard, os gleaners cuidaram da árdua tarefa, carregando carga após carga de Thaumazein para Archeion.

Embora Erenville não fosse novo no trabalho pesado, a enorme quantidade de carga logo deixou seus músculos e articulações gritando em protesto. Havia entregado outro caixote no elevador e estava tentando em vão esticar as dobras nas costas, quando uma voz cansada o chamou.

“Perdoe-me, meu velho rapaz.” O jovem Elezen estava vestido com cota de malha de Ishgard, e a guarnição dourada de sua gola o marcava como membro da Casa Fortemps. O sorriso estreitou ainda mais. Ele estava brigando com aquele pirata no porto como se fossem velhos amantes. “Eu deveria levar este pacote para a Forja de Kokkol, mas temo estar irremediavelmente perdido. Você faria a gentileza de me orientar?”

“Kokkol’s, você diz? Nesse caso, você precisa─” Erenville começou, antes de pensar melhor. “Na verdade, eu vou apenas entregá-lo.”

“Sério? Você é muito gentil—um verdadeiro santo! Meus sinceros agradecimentos!”

Com o rosto radiante, o rapaz entregou o pacote a Erenville. Assim que suas mãos ficaram livres, ele as colocou na cintura e arqueou para trás, gemendo de alívio. Erenville sentiu uma pontada de culpa quando apontou para a montanha de caixotes próxima. “Enquanto eu cuido do seu pacote, se importa de cuidar disso em meu lugar?”

A cor sumiu do rosto do rapaz quando a enormidade de sua nova tarefa ficou clara. Ele caiu para a frente em derrota, gemendo novamente por uma razão completamente diferente.

“Que a Fúria me leve… Se eu soubesse o quão difícil isso seria, eu teria pedido ajuda aos dragões…”

Tínhamos essa opção? A guerra entre homem e dragão havia terminado, Erenville sabia, mas as relações já haviam se tornado tão amigáveis que eles trabalhariam lado a lado? Considerou perguntar sobre isso—por interesse profissional e pessoal—mas acabou mordendo a língua. Deixando de lado sua aversão a indivíduos excessivamente extrovertidos, não haveria oportunidades futuras de se comunicar com dravanianos se eles não conseguissem completar a arca.

Uma caminhada rápida o levou até a forja, onde melhorias estavam sendo realizadas no aetherburner. O ar estava pesado com o retinir de martelos e a conversa dos engenheiros, pontuada pelos latidos de ordens de Kokkol Dankkol. Erenville entregou o pacote para a primeira pessoa que lhe olhou. Enquanto ele a observava se afastar, seus olhos focaram em uma criatura amarela, parecida com um pássaro, vinda da outra direção.

Durante o recrutamento de colaboradores para seu grande projeto, Erenville soube que era um membro da Garlond Ironworks. O que quer que seja. Embora estivesse curioso para saber mais, não encontrou o momento certo para perguntar. Mas se não agora, então quando?

A criatura estava acompanhada por um engenheiro lalafell. Wedge, não era? Erenville começou trocando gentilezas casuais.

“Dando uma pausa merecida?”

“Deus ajuda quem cedo madruga, como diria o chefe. Nós três estamos saindo em uma missão.” Wedge virou-se para o enigma emplumado. “Não é mesmo, Alpha?”

Então esse é o nome dele. Mas quem é o terceiro? A pequena máquina parecida com um besouro no calcanhar de Alpha era um mistério completamente diferente. Algum tipo de brinquedo? Certamente não parece projetado para transportar carga…

“Perdoe-me, mas estive pensando: o que é o Alpha, exatamente?”

“Ué, ele é um membro da Ironworks.”

“Ah, o que quis dizer foi, que tipo de criatura ele é?”

“Um chocobo, é claro. O que mais ele poderia ser?”

Chocobos eram uma visão comum nos Três Grandes Continentes, tendo sido domesticados há muito tempo. Existiam várias grandes raças, e Erenville poderia identificar prontamente todas elas. Aparentemente não… Em todos os seus anos, nunca tinha encontrado uma variedade como esta nem na natureza nem em tomo.

Sua testa franziu e, em resposta, Alpha deu a Erenville um arquetípico “kweh!”

“Ele realmente soa como um chocobo, eu acho…” Erenville admitiu. Estava tentando pensar em outra pergunta quando a pequena máquina de repente bateu na perna de Wedge, fazendo o engenheiro pular de susto.

“Ahhh, o chefe!” deixou escapar, tendo sido dolorosamente lembrado de suas responsabilidades. “Precisamos ir, desculpe, mas foi bom conversar com você.”

E com isso, Wedge se apressou, com Alpha batendo as asas e a máquina tinindo atrás dele, deixando o confuso Erenville sozinho com seus pensamentos. Enquanto observava a última plumagem de Alpha desaparecer de vista, ele se viu insatisfeito. Deve haver uma história incrível ali…

Não podia descartar que Alpha fosse uma espécie não catalogada; ele mesmo havia capturado mais do que alguns durante seu trabalho. Havia acadêmicos encarregados de estudar, classificar e depois nomear tais espécimes, e sem dúvida poderiam fazer a mesma coisa com Alpha.

Mas para que fim…?

As descobertas dos Scions foram um lembrete gritante de que a verdade nunca foi restrita a alguns seletos. Certamente não o Fórum. Nem o futuro estava gravado em pedra, como demonstrou o fim da guerra de mil anos entre homem e dragão. Conclusões elementares e óbvias, talvez, mas conspiraram para torná-lo filosófico: como identificar o desconhecido e em que ponto ele se torna conhecido?

Pense. Continue pensando, e você encontrará suas respostas. Seu conto.

Um engenheiro que passava roçou em seu ombro, tirando Erenville de seu devaneio. Quando os rostos das pessoas ao seu redor entraram em foco, sentiu uma nova apreciação por suas individualidades. Os fragmentos enigmáticos, mas coloridos, de conversas ouvidas, em meio a uma paisagem vívida que de repente se destacou em nítido relevo.

Há tão pouco que eu sei… Tanto que eu ainda tenho que aprender…

Os Scions precisam triunfar, e ele faria sua parte para que isso acontecesse. Com um último alongamento e uma respiração profunda, seguiu em frente. A montanha não vai se mover sozinha.


O trabalho na arca continuou a um ritmo alucinante, como se os meses mais movimentados do ano tivessem sido condensados ​​em uma semana.

Os Loporrits andavam de um lado para o outro, escolhendo seu caminho entre os carregadores enquanto transmitiam seu conhecimento aos atentos estudiosos Sharlayan. A urgência cuidadosa estava em ordem do dia, e até mesmo membros do Fórum podiam ser vistos movendo-se com uma pressa incomum enquanto supervisionavam os esforços. A Forja de Kokkol permaneceu uma fonte de comoção ruidosa, com seu mestre berrando ordens em uma voz cada vez mais rouca. Os engenheiros da Ironworks estavam presentes em Thaumazein a todo momento, trabalhando ao lado dos alquimistas Hannish.

Mantendo essa força de trabalho maciça alimentada estavam os membros da família e servos e a equipe do Last Stand, que preparava refeições à granel com ingredientes provenientes da Meryall Agronomics e mitato. Não passava um momento sem que café, chai e suplementos nutricionais não estivessem sendo distribuídos. Cobertores foram colocados ao lado para aqueles que precisavam descansar, e trabalhadores cansados ​​gentilmente os colocaram sobre seus pares adormecidos.

Eventualmente, a torrente chuva diminuiu para uma garoa, e os gleaners começaram a se ver livres. Quando Erenville fez sua última entrega, mais da metade de seus colegas estavam ociosos. No entanto, eles permaneceram em Labyrinthos, prontos para atender a chamada a qualquer momento.

Até que um dia, quando o toque de um sino ecoou pelo céu artificial. Quando dos aparelhos de amplificação espalhados, uma voz crepitante começou a falar.

“Atenção, todos. Aqui é Fourchenault Leveilleur.” Mãos pararam seu trabalho e pés congelaram em suas trilhas. Enquanto todos ouviam atentamente, Fourchenault agradeceu por seu incansável trabalho e muitos sacrifícios. Os sistemas da arca estavam sendo inspecionados, continuou ele, e a cidade prendeu a respiração, sem saber se esse anúncio seria motivo de comemoração ou decepção.

“…Mas a nave em si está pronta. As estrelas estão agora ao nosso alcance.”

Labyrinthos explodiu em um coro de aplausos. Alguns riram, outros choraram. Alguns apertaram as mãos, enquanto outros se abraçaram. Em seu triunfo compartilhado, cada alma se regozijou à sua maneira.

Erenville, por sua vez, apenas suspirou de alívio. Para alguns, ele pode até parecer indiferente, mas o calor que enchia seu peito não era menos revigorante. Nós conseguimos. De todo o coração, rezou para que suas esperanças alcançassem as estrelas distantes e as entregassem até o amanhã.

E às vezes, desejos se tornam realidade.

 

Os Final Days vieram e se foram, e a paz retornou a Sharlayan. Em uma manhã como qualquer outra, Erenville se aproximou do Baldesion Annex. Desta vez, porém, não procurou responder a uma petição, mas oferecer uma proposta. Em troca de ajudar a reconstruir os Students of Baldesion, pediria sua ajuda para restaurar os arquivos a sua devida ordem. Enquanto estava um pouco preocupado que pudesse ser arrastado para situações problemáticas de Scions mais uma vez, no fundo quase esperava que isso acontecesse.

Um dia—talvez quando sua parte nas aventuras deles terminar—ele irá encarar um assunto há muito adiado. Aquilo que o havia confrontado em sua casa distante muito antes de assumir seu novo nome e escolher seguir o caminho do gleaner.

Com um propósito renovado, atravessou a porta do anexo para encontrar Krile, que novamente o recebeu com um olhar surpreso.

Delicie-se com as histórias deles, mas não se esqueça das suas. Pois estão longe de terminar.



 

Fonte: Tales from the Dawn | FINAL FANTASY XIV, The Lodestone

Traduzido por Arius Serph @ Behemoth
Revisado por Yu Kisaragi @ Behemoth

Author: Aro
Idealista que se empolga com música, comida, pescaria, trocadilho, boas histórias, filosofia, animais, café, pessoas animadas e... na verdade, eu me empolgo fácil mesmo.

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