Octopath Traveler 2 | Review

Saudações de chegada! Depois do grande sucesso de Octopath Traveler, ainda que inicialmente preso ao Switch, em 2018, cinco anos depois, a Acquire nos agraciou com o segundo jogo da (que me parece) futura franquia, desta vez para PS4/5, Switch e PC (XBOX ficou de fora por hora).

Ambientado em um mundo independente do primeiro jogo chamado Solistia, nossos 8 viajantes trarão histórias de superação, de esperança, de vingança e liberdade, a citar apenas algumas, ao som de músicas e gráficos HD-2D charmosos.  E apesar da análise estar saindo agora, você pode acompanhar as streams ao vivo na roxinha ou ver os VODs com calma no canal secundário.

Antes de partir para a review, agradecer à Square Enix LATAM pelo apoio prestado e a chave do jogo. Muito obrigado!

Ah, último aviso: meu personagem principal é o mercador Partitio, logo se perceberem que está em evidência nas imagens saibam que não é coincidência!

(Eu só vim perguntar se tinha algo legal para vender.)

História

Seguindo a fórmula do primeiro de seu nome, Octopath Traveler 2 apresenta oito histórias diferentes que se ligam em determinados pontos, rendendo bons momentos resultando numa jornada final após sua completude. Cada qual com uma característica e tema marcantes, servem para pintar a personalidade dos viajantes enquanto mostram um fragmento não só do mundo em que estão inseridos, como pistas de algo que vai para além destas.

Algo a ser observado é a noção de que no primeiro jogo se dizia que os personagens eram “isolados” por assim dizer, sem quase interações entre si. Neste, além das conversas usuais entre membros da equipe durante as histórias (razão de nunca ter tirado Agnea e Partitio da minha, pois são a dupla raio-de-sol para mim), é possível perceber interação durante as lutas. Falas específicas agradecendo ou se preocupando com os outros diante de algum status negativo ou queda. Uma adição bacana, diria.

Além da história principal de cada um, é notório perceber o cuidado que tiveram para construir o mundo na interação com os NPCs em geral. Ao utilizar as habilidades de coletar informações e prestar atenção às falas, é possível estabelecer conexões não evidentes à primeira vista e vislumbrar um certo grau de “vida”. Você tem sua aventura, mas Solistia existe independente dela, cabendo ao jogador descobrir.

Infelizmente não temos legenda em pt-br para o título, o que pode ser bem complicado considerando este sendo um dos principais atrativos do jogo.

(Outro detalhe mantido são as interações que ocorrem entre membros de sua party.)

Gameplay e gráficos

Ao começar você pode escolher um dos 8 viajantes disponíveis, cada um tem um par de habilidades, um para o dia e outra para a noite, e que encontram semelhanças em outro personagem, ou seja, é possível que existam dois com a mesma função, apenas seguindo métodos diferentes, por exemplo, furtar/comprar. Pode parecer desperdício, mas também representa a ideia de que pode montar sua equipe com mais liberdade sem precisar “travar” alguém permanentemente por precisar de sua ação especial.

Por falar em travar, uma observação é que o personagem com que iniciou o jogo necessariamente vai ter de ficar com você até o fim da história dele, para só então poder o retirar.

Algo legal é que para toda área que for visitar é mostrado de antemão o “nível de perigo”, algo como o nível recomendado para explorar, evitando aquelas situações de Final Fantasy antigo em que você deu um passo a mais na floresta e agora está apanhando que nem um condenado. Entretanto, o jogo não se resume a nível (apesar de influenciar diretamente na chance de sucesso de algumas ações), sendo o gerenciamento de equipamentos e subclasses (e skills de suporte) é o que vai de fato fazer diferença para a jornada graças ao sistema de Break dos inimigos, onde ao atingir com uma fraqueza um valor de escudo é reduzido e chegando a zero deixa o mob vulnerável além de perder o seu turno.

Ainda sobre combate, temos os Battle Points, ou simplesmente BP, que lhe dão mais golpes de ataque comum ou potencializam gradativamente uma habilidade até quatro vezes mais, sendo recarregados a cada turno. Por fim, cada personagem tem o seu Latent Power, um poder especial que vai desde encher sua barra de BP até te deixar em um transe com novas habilidades.

A frequência de encontros pode ser algo a incomodar algum dos jogadores, e apesar de não existirem opções de configurações para a diminuir ou zerar, é possível conseguir o mesmo resultado (ou aumentar (!)) por outros meios dentro do jogo. Não vou dizer quais, boa exploração!

O sistema de subclasses é interessante pois permite incrementar um personagem querido de maneira a cobrir a função de outro ou simplesmente combar de maneira apelativa, fica à sua disposição. Como não se gasta tickets ou itens para trocar, é simples de se testar, tendo apenas a restrição de que apenas um personagem poderá estar equipado com esta.

Existem muitas quests secundárias espalhadas pelo jogo e que recompensam o senso de curiosidade/exploração. Uma caverna obscura atrás de uma cachoeira com um item especial. Equipamentos lendários escondidos por bosses opcionais. Pode parecer clichê falando assim, mas foi tudo muito bem implementado, é palpável o sentimento de descobrir algo novo, como uma aventura.

Para encerrar, os gráficos HD-2D que unem pixel art com noções de profundidade e uma iluminação mais moderna agradam tanto ao senso nostálgico de jogadores mais antigos, como atraem para este mundo jogadores mais novos, ao mostrar o que é capaz de nascer da união destes elementos.

(Bônus são concedidos por performance em batalha.)

Música

Yasunori Nishiki é o nome da fera responsável pela trilha sonora de nossa aventura óctupla no primeiro jogo e aqui também. Acredito ser importante frisar o nome para todos aqueles que gostarem do estilo poderem o acompanhar em outros títulos.

Para cada mapa há uma versão matinal e noturna que trocam de maneira fluída e expressam a energia do lugar. Ritmo de jazz mais agitado de manhã para uma cidade grande cheia de pessoas e que é conhecida como referência cultural. Um coral feminino mais calmo e piano ao explorar uma floresta durante a noite que troca para algo mais animado mantendo a melodia pela manhã. São coisas que marcam sua estadia por esses locais, mesmo que interrompida aqui e ali por combates.

Aproveitando a ideia de marcante, cada personagem tem um tema musical que representa exatamente sua personalidade. Dos tons mais petulantes (até diria ‘debochantes’, mas mantendo a classe) do clérigo Temenos ao som folk alegre da dançarina Agnea, você cria uma imagem mental de alguém antes mesmo de conhecer sua história, e que acabam por casar muito bem. Justamente essas músicas tema que por vezes podem, e vão, lhe deixar animados diante de uma situação crítica (até mesmo na vida real).

Considerações finais

(Os sonhadores mais preciosos da existência.)

Octopath Traveler 2 é um prato cheio para quem gosta de boas histórias, boas músicas e é a prova viva de que o raio não só cai duas vezes no mesmo lugar, como pode cair mais forte ao trazer mais profundidade aos traços que o marcaram da primeira vez.

Particularmente, sendo um fã dos jogos de turno, esta seria uma recomendação fácil por todos os elementos aqui citados, mas a combinação das histórias e das músicas fazem tudo ser levado a outro nível. Aquele sentimento caloroso e confortável de esperar, prever, possíveis interações entre os membros da party e ver que, no fim, tudo valeu a pena.

É revirar uma pedra e encontrar o item que tanto buscava sem querer. É encaminhar pessoas e descobrir novas histórias ao seu redor. É completar quests secundárias de primeira por já ter todos os itens em mãos. Ou até mesmo encontrar uma subclasse nova por ter feito uma curva diferente do planejado.

Estando em busca de Lendas, Memórias, Verdade, Vingança, Felicidade, Esperança, Liberdade e Realeza, tenho certeza que entre Ochette, Castti, Temenos, Osvald, Partitio, Agnea, Throné e Hikari alguém terá uma história que seja sua cara, basta dar o primeiro passo.

Até a próxima vez que nossos caminhos se cruzarem, さらばだ!

Author: Aro
Idealista que se empolga com música, comida, pescaria, trocadilho, boas histórias, filosofia, animais, café, pessoas animadas e... na verdade, eu me empolgo fácil mesmo.

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