Lies of P (Demo) | Primeiras Impressões

Saudações de chegada! Sente saudades de Bloodborne e ansiava por um jogo com a mesma estética vitoriana enquanto se banha em rios de sangue inimigo embalado pelos sons da loucura? Boa notícia, Lies of P está chegando!

Tendo Bloodborne como jogo favorito de ação por tudo que oferece, desde do contexto de terror lovecraftiano da história passando pelas músicas e permanecendo pela gameplay, Lies of P não só aparenta ser o produto de um legado, mas mostra que tem aquilo que é necessário para prender a atenção de um caçador viciado em se vestir bem e caçar bestas.

(Se eu tivesse 1 real para cada idoso em uma cadeira de rodas que gostaria de me ajudar dentro de uma cidade tomada por aberrações, eu teria dois reais, o que não é muito, mas estranho que tenha acontecido duas vezes.)

História

Você é Pinóquio, um títere criado por Geppetto. Se fosse até aqui poderia acreditar que estávamos tratando de um filme da Disney, mas na verdade estamos mais próximos da obra original de Carlo Collodi, um tanto mais sombria e crua.

A história se desenrola na cidade de Krat, próspera e repleta de segredos, assolada pelo Frenesi, o qual fez todos os títeres (palavra diversa para marionete) da cidade entrarem em um estado de loucura, ignorando as Leis impressas em seu funcionamento durante o nascimento.

Com a morte exposta pelo chão e o tom de vermelho impregnado nas armas e presas dos títeres, Pinóquio embarca em sua jornada de sobrevivência e descobrimento numa cidade sem amor pelo os de sua espécie, onde o “vilão” pode ser qualquer um, munido de um arsenal altamente customizável e a habilidade de mentir.

Uma coisa muito interessante no aspecto da história são os documentos espalhados que contextualizam aos poucos os acontecimentos passados, o jogador gradativamente afunda no ambiente, e como o jogo vem em português, não deixa de aproveitar cada palavra.

(A vibe é de terror e a roupa de matar.)

Gameplay

É neste quesito que a semelhança específica com Bloodborne se acentua.

O núcleo do combate de um souslike evidentemente está presente, mas detalhes como a possibilidade de recuperar parte do dano desferido pelo inimigo ao causar mais dano de volta incentiva o ritmo frenético e de perto.

Além disso, a capacidade de você poder modificar a bainha e a lâmina (ou respectivo componente) da arma separadamente oferece opções de configurações que favoreçam o seu próprio estilo de luta. Causar mais dano em menos golpes, prezar pela mobilidade, trocar o tipo de dano causado entre perfuração ou cortante, tudo isto figura no rol do que é possível montar.

Como complemento, há o último presente de Geppetto à Pinóquio, o Braço Legionário, que também pode ser modificado e adaptado para oferecer a melhor habilidade para o momento. Durante a demo você tem acesso a um braço cuja habilidade serve para puxar inimigos mais distantes e causar um leve atordoamento, como o Nero em DMC4 ou Sekiro.

(Se isto não for uma referência a Bloodborne, eu sou um Fiat Uno com escadinha em cima.)

Música e aspectos gráficos

Inspirado no conceito da Belle Époque, a cidade de Kart traz uma beleza pomposa, mas a iluminação, os corpos e o sangue pintam um ambiente que contrasta com tempos mais gloriosos do passado. Essa dualidade visual do que foi e do que é, instiga de certo modo a curiosidade, de maneira a nos fazer perguntar “o que deu de tão errado aqui?”

O visual dos inimigos é outra forma utilizada de materializar a loucura que assola o ambiente, afinal, não é todo dia que vemos um ser humano com cabeça de jumento atacando um títere bem arrumado numa ponte destruída.

Por fim, e um dos aspectos mais marcantes, a música não apenas existe de fundo, mas te faz sentir desconforto, apreensão, nervosismo e muito mais graças ao que chamamos de música atonal, conceito em que a composição não tem um tom central. Esta ausência de harmonia é perceptível para o corpo e para o cérebro humano acostumado a reconhecer padrões e pode causar diversos efeitos na nossa psique. Não sei quem é o compositor, mas de fato a sensação de perigo e delírio insano foi muito bem captada.

(Nem parece que estávamos até o pescoço encharcados de hemoglobina alheia.)

Considerações finais

(Tudo devidamente em português!)

Lies of P trouxe uma demo de peso que mostra desde o combate até a música de maneira suficiente a se reconhecer o legado de jogos como Bloodborne, diversas vezes citado, mas que soube incluir elementos próprios para chamar a experiência de sua.

Inimigos deformados, cadáveres, sua própria roupa manchada, golpes rápidos e fluídos, arquitetura clássica, luar proeminente, diversas armas e música atonal. Colocando desta forma, fica fácil perceber o quão a versão completa é promissora.

Até a próxima caça, さらばだ!

Author: Aro
Idealista que se empolga com música, comida, pescaria, trocadilho, boas histórias, filosofia, animais, café, pessoas animadas e... na verdade, eu me empolgo fácil mesmo.

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